3.9.09

Registar o dia do casamento - bastará a memória?



Reconheço que é estranho eu já ter o blog há tanto tempo e ainda não ter falado sobre fotografia e vídeo num casamento.
A verdade é que eu acho esta questão um bocado complicada.

Em primeiro lugar, posso dizer que acho essencial ter um registo do casamento. Naquele dia é tudo tão intenso e tão recheado, que muitas vezes apenas guardamos na memória a felicidade que nos acompanhou em cada momento. Claro que isso é fantástico... mas passado uns dias - ou uns meses, ou uns anos - queremos lembrar-nos dos pormenores e a memória começa a falhar. Queremos recordar o sorriso das pessoas e a música quando entrámos na igreja, queremos ouvir de novo a voz firme e emocionada com que dissemos o "sim", queremos ver a alegria, o arroz e as pétalas à saída, ficamos com saudades daquela música que dançámos em família e do abraço que demos a alguém querido, queremos ter o registo daquela canção que dedicámos ou que nos foi dedicada, ...

Normalmente os fotógrafos têm cameramen que os acompanham, e juntos fazem a reportagem. Há alguns que não têm, mas que fazem parcerias e, nesse caso, fica também o problema resolvido.
Na minha opinião, convém que se conheçam e estejam habituados a trabalhar juntos, de modo a cooperarem e evitarem atropelos. São dois trabalhos que se complementam e, por isso, não acho bom serem completamente independentes um do outro.

Quanto ao tipo de fotografia, há muitas questões a considerar.

Há aqueles fotógrafos que trabalham há muitos anos e ficaram de certa forma parados no tempo, usando máquinas já desactualizadas e sugerindo poses forçadas e semelhantes às que vemos nas fotos de há 20 anos atrás.

Há aqueles que descobriram o photoshop e os programas de montagem digital, e gostam de experimentar todos os efeitos possíveis, manipulando demasiado as cores, colocando fundos artificiais, adicionando uns raios de luz, colocando demasiadas fotos numa só página do álbum, e todas encavalitadas umas nas outras. Tenho visto muitos trabalhos assim, e espanta-me como tanta gente gosta. Faz-me lembrar aquelas apresentações em PowerPoint em que todas as frases e imagens surgiam com um efeito diferente, ora aos saltinhos, ora uma letra de cada vez, ora de cima para baixo ou de baixo para cima. Para tudo tem que haver limites, e quem trabalha com imagem tem que saber isso muito bem.

Há também fotógrafos artísticos que, embora façam um trabalho elegante e actual, exageram nas alterações que fazem às imagens e, talvez, na artificialidade das poses. O dia do casamento, a meu ver, deve ser retratado tal e qual acontece, embora possa ter uma ou outra foto mais pensada e não tão natural. Ao contrário de uma sessão fotográfica, eu acho que num casamento os acontecimentos não devem surgir em função da obtenção de fotos. Por isso, acho muito importante garantir que o fotógrafo é dinâmico e criativo, e que consegue apanhar todos os momentos importantes e tirar boas fotos mesmo nos cenários mais improváveis.

Isto leva-me a falar do fotojornalismo. Há muitos adeptos deste estilo (sobretudo pessoas que não gostam de olhar para a objectiva), que se baseia em retratar o dia tal e qual ele é. O ponto negativo que vejo aqui é a possível ausência de fotos dignas de um poster e a maior probabilidade de não gostarmos de nos ver por não ter sido apanhado o nosso melhor ângulo, por exemplo.

O trabalho final de qualquer um deles pode incluir álbum, vídeo, um ou outro poster, as fotos em formato digital, entre outras coisas. Convém deixar tudo bem claro quando se faz o contrato.
Há fotógrafos que expõem as fotos dos convidados no final da festa (ou que simplesmente seleccionam as fotos correspondentes a cada pessoa ou família) com o intuito de as venderem. Eu não gosto deste sistema, por 2 motivos: não acho que no dia do casamento os convidados devam precisar de utilizar dinheiro, até porque o casamento não é um negócio, e as fotos dadas no próprio dia não terão tanta qualidade como as fotos trabalhadas com tempo e num local próprio.

Alguns fotógrafos entregam um álbum de provas, que pode ser mostrado aos convidados, e outros colocam as fotos na internet, com o código do evento e uma password, de modo a que todos possam ver e escolher.

Em Portugal, há fotógrafos de muito boa qualidade, e podem ver alguns exemplos neste link.

Para saberem os preços que estes fotógrafos praticam, o melhor é mesmo perguntar directamente, já que por vezes aquilo que se ouve dizer é um bocado diferente da realidade. De qualquer forma, acho que muito dificilmente conseguiremos um bom trabalho por menos de 1500 euros (incluindo fotografia e vídeo).


Há ainda a ter em conta as sessões fotográficas adicionais que os fotógrafos podem fazer. Alguns exemplos são a sessão de namoro (na qual os noivos e o fotógrafo podem conhecer-se melhor, ver quais são os melhores ângulos, ficar mais à vontade, e obter fotografias bonitas e naturais em locais com significado), a sessão das provas do vestido e do fato, e a sessão pós-casamento. Sobre isto falarei um dia mais tarde.


10 comentários:

amartins disse...

Já agora, e conselhos para "fotofóbicas"?
Ai, ai...

E? disse...

As fotofóbicas têm que se olhar mais ao espelho e perceber que é um desperdício aquela imagem não ficar registada para a posteridade ;)

E convém conhecerem o fotógrafo e estarem completamente à vontade com ele, para agirem como se estivessem num encontro de amigos.

Queen of Hearts disse...

Sim, para fotofóbicas é essencial um (bom) relacionamento prévio com o fotógrafo; ou então, se isto não for possível, que o fotógrafo seja uma pessoa tão à vontade, tão divertido e tão empático que nos deixe confortáveis desde logo.

Eu era fotofóbica patológica; comecei a melhorar um bocadinho quando o meu marido me começou a fotografar (mas não muito)... Veio a Matilde e "criou um monstro" lol. Descobriu a "posadora" que há em mim e fez-me passar o dia de casamento cheia de vontade de ser fotografada. ;)

veeny disse...

Confesso que para mim sempre foi um pormenor importante escolher um bom fotógrafo e uma boa imagem para mais tarde recordar!! E não me arrependo, há quem se refira a albuns a ganhar pó e dinheiro desperdiçado...mas é engraçado que só ouço estas histórias de pessoas que ainda não casaram...após o dia C, a conversa é outra :)

Matilde Berk disse...

Pela parte que me toca, venho agradecer-lhe pessoalmente a referência no blog. Continue a casar assim (refiro-me aos temas de interesse :))
Ciao,
Matilde Berk

Matilde Berk disse...

LOL, ainda não tinha lido o comentário da Sara :))

E? disse...

Eu é que agradeço a visita :)
É uma honra!

E ainda bem que fez despertar o talento da Sara, senão ficava escondido e era uma pena ;)
As fotos estão fantásticas!

Anónimo disse...

é sem dúvida um przer ler este artigo,bom diagonóstico da fotografia de casamento, e parabéns ao José Raposo que para mim é sem dúvida o melhor fotógrafo de casamento em Portugal,sou emigrante em Paris trabalho em publicidade e o nome dele é muitas vezes referenciado por cá.

No dia 10 de Outubro ele vai estar aqui a fazer um casamento de um colega de trabalho meu.Parab~ens ao vosso blog.

Lino Guerra

E? disse...

Obrigada!
Espero que passe por cá mais vezes :)

Fotografia Pacheco disse...

Olá,
Obrigado pela referência à Fotografia Pacheco.
Está um texto bastante interessante
Cada fotógrafo deve procurar desenvolver o seu estilo. Se há mercado para albuns que são verdadeiros catálogos de efeitos, então esse é um estilo possível.
Nós continuamos a achar que deve haver equílibrio em tudo. A tecnologia é importante mas como ferramenta e não como protagonista.
Quanto ao fotojornalismo, é um conceito interessante e que vai de encontro à ideia de que a reportagem deve contar a história do evento. Funciona muito bem quando em equilibrio com outro género de fotografias mais formal e que completa a colecção fotográfica do dia.

deixo aqui também o novo site da Fotografia Pacheco dedicado aos casamentos:
http://casamentos.fotografiapacheco.com

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